O número de pessoas a trabalhar em Portugal ultrapassou os cinco milhões em 14 anos. Os trabalhadores com ensino superior duplicam desde 2009.
No primeiro trimestre de 2023, o número de pessoas a trabalhar superou os cinco milhões pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2009. Não atingimos este valor há 14 anos. No entanto, o panorama também se alterou significativamente no que diz respeito à composição do emprego, com uma reconfiguração das qualificações.
O número de trabalhadores com o ensino secundário mais do que duplicou e o mesmo com os trabalhadores com o ensino superior. Em sentido contrário, o número de pessoas empregadas com o ensino básico caiu para cerca de metade.
O ano de 2009 foi marcado por uma crise financeira difícil e conturbada, que se refletiu no mercado de trabalho. Em 2013, o desemprego atingiu o seu pico, 18,5%. A partir daí, aconteceu uma descida na taxa de desemprego, apenas interrompida pela pandemia, que parou nos 6,1%, no terceiro trimestre de 2023.
Número de trabalhadores com o ensino básico em Portugal caiu para metade entre 2009 e 2023
No terceiro trimestre de 2023, estavam empregados 1,62 milhões de pessoas com formação superior e outros 1,62 milhões com qualificação correspondente ao ensino secundário. O peso do ensino superior no emprego total passou de 16% em 2009 para 32% em 2023 e o mesmo sucedeu com o ensino secundário e pós-secundário.
Na última década, o país assistiu a um aumento significativo do emprego qualificado de 24% no setor dos serviços, nomeadamente nas áreas de programação, consultoria e saúde. O peso do setor da saúde no emprego em Portugal aumentou de 7% para 10%, de 2009 até agora. Por outro lado, o setor primário perdeu trabalhadores entre 2009 e 2023 e registou uma variação de 12% para 3%.
Não obstante, a subida de 24% continua a não ser suficiente para absorver o aumento das qualificações dos jovens, explicou Paulo Marques, investigador e coordenador do Observatório do Emprego Jovem (OEJ), na conferência “O Futuro do Trabalho Visto pelos Jovens”. “O desígnio estratégico tem de ser aproveitar a grande elevação das qualificações e isto só se consegue potenciando o emprego mais intensivo em conhecimento na área dos serviços”, avisa.
Fonte: INE
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