Entre julho e setembro, os preços das casas aumentaram 7,6% face ao ano passado, uma variação inferior à do segundo trimestre. Os preços das casas novas subiram 5,8% e os das já existentes 8,1%.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados a 26 de dezembro mostram que o Índice de Preços da Habitação (IPHab) cresceu 7,6% no terceiro trimestre de 2023, de julho a setembro, relativamente ao mesmo período em 2022. Neste trimestre, os valores das casas novas cresceram 5,8% e os das já existentes 8,1%, revelam os dados.
Do segundo para o terceiro trimestre de 2023, o IPHab aumentou 3,1% e o crescimento dos preços dos das habitações novas (2%) ultrapassou o das já existentes (1,8%).
O IPHab é calculado pelo INE com recurso a informação enviada pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), tendo como referência as informações anonimizadas relativas ao Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e ao Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI).
A percentagem de 7,6% é inferior em 1,1 pontos percentuais à registada no segundo trimestre (8,7%), o que significa que houve um abrandamento na subida dos preços. Os preços das casas continuam a subir, mas mais devagar. Ao mesmo tempo, o número de transações de imóveis está a diminuir. O gabinete estatístico refere também que, entre julho e setembro do ano transato, foram transacionadas 34256 habitações com um valor total de 7,1 mil milhões de euros, menos 12,2% que no mesmo período em 2022.
Contudo, 84,7% deste valor deveu-se a aquisições por parte das famílias, que perfazem uma quantia de 6 mil milhões de euros num total de 29,6 mil unidades de casas transacionadas.
Os compradores com um domicílio fiscal fora no território nacional adquiriram 32 mil das 34,3 mil habitações vendidas em Portugal, no terceiro trimestre de 2023. Cerca de 2700 casas foram compradas por não residentes em Portugal, com domicílio fiscal fora do território nacional.
A região Norte dominou o número de transações no último trimestre, com 10,3 mil habitações a serem transacionadas nesta região, valor correspondente a 30,1%, do total e a 1,1 pontos percentuais comparativamente com o período homólogo. Na Área Metropolitana de Lisboa (AML) foram vendidas 9,3 mil (27,2%), o que representa uma diminuição de 2,3 pontos percentuais, e no Algarve cerca de 2,6 mil, que reflete uma diminuição de 1 ponto percentual.
O Centro e o Alentejo foram as únicas outras regiões que também apresentaram um crescimento na quota regional de transações, com 7,8 mil e 2,6 mil vendidas em cada uma das regiões, respetivamente. Na Madeira (2,6%) registaram-se 877 unidades de habitações vendidas e, nos Açores, 617 (1,8%).
Apesar da diminuição, a AML continuou a liderar o ranking de valores das transações, tendo concentrado perto de metade (40,8%) do valor das transações do país. Estes valores resultam numa soma de aproximadamente 2,9 mil milhões de euros, o que mesmo assim representa uma redução de 1,3 pontos percentuais relativamente ao ano anterior.
Segundo o INE, o fenómeno de diminuição de vendas verificou-se em todas as regiões. “O Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa evidenciaram reduções mais intensas do que as registadas ao nível nacional”, diz o Instituto. No Algarve, foram vendidas menos 28% de habitações e o valor diminuiu 19% em relação ao terceiro trimestre do ano anterior.
Na região de Lisboa o número de operações baixou 25% e o montante envolvido recuou 15%.
A crise da habitação tem vindo a agudizar-se em Portugal. Os cidadãos compram cada vez menos casas e os preços continuam a aumentar. Mesmo assim, há mais de dois anos que o preço das casas não subia tão pouco num trimestre. O abrandamento surge no contexto da subida das taxas de juro.
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