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Foto do escritorFilipa Ferreira

Inteligência Artificial: Impacto no Mundo Empresarial

Atualizado: 16 de jan. de 2024

A Inteligência Artificial (IA) traz, consigo, riscos e benefícios para a sociedade. Estima-se que, em 2024, as ferramentas de Inteligência Artificial provoquem novos desafios éticos. Segundo a ResumeBilder, 44% dos líderes empresariais inquiridos admitem que a IA já vai levar a despedimentos de “cargos redundantes” em 2024.


Imagem: Imediato - Jornal Regional

Rita Ribeiro, professora auxiliar do Departamento de Ciência da Computação da FCUP e investigadora sénior do Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computação, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), afirma que os empregos que poderão vir a ser substituídos são “os que estão mais ligados a tarefas mais repetitivas, como os serviços de atendimento, por exemplo”.

Com isto, exemplifica que algo que já está a ser substituído pela máquina é "a parte de apoio ao cliente e de atendimento". Contudo, esta substituição, para Rita Ribeiro, causa alguns transtornos, dado que “a interação com o chatbot não é a mesma coisa que a interação com uma pessoa”. Apesar de já terem eficácia de esclarecer e responder a dúvidas no apoio ao cliente, “os chatbots têm ainda bastante espaço para melhorar porque, muitas vezes, não conseguimos esclarecer as nossas questões.”

Impacto do Mundo Empresarial

Os especialistas estimam que, dentro de uma década, a IA pode começar a aproximar-se dos padrões de funcionamento da inteligência do ser humano e, assim, alcançar a chamada “Inteligência Geral Artificial” (AGI). A AGI admite que as máquinas poderão ter uma capacidade bastante similar aos humanos, no que toca a entender, aprender e desenvolver qualquer tarefa intelectual.

Sobre esta estimativa, Arlindo Oliveira, professor do Instituto Superior Técnico e investigador do Instituto de Engenharias de Sistemas e Computadores (INESC), refere que “isso não significa que a IA venha a substituir o ser humano porque este terá sempre o seu lugar que é único no planeta”.

Para Rita Ribeiro, esta evolução traz também vantagens, dado que “por um lado, vai contribuir para que as pessoas possam fazer um trabalho mais alto nível, e, por outro lado, vai também ajudá-las na produtividade delas. Coisas que antigamente seriam elas a fazer, serão, agora, feitas pela máquina”. Apesar disso, salienta que “saber tirar partido delas não é aceitar de forma cega tudo o que elas nos fornecem.”

No mundo do trabalho, são várias as áreas onde a inteligência artificial está a ser aplicada, numas de uma forma mais avançada do que noutras. Rita admite que a medicina é uma das áreas onde as novas tecnologias da IA estão mais presentes, visto que “conseguem ser muito úteis no apoio ao diagnóstico, conseguem avaliar imagens e som registado por um sinal de forma precisa”. Com isto, é possível que estas ferramentas consigam, com antecedência, “dar a indicação de que poderá ali existir alguma coisa que será, por exemplo, anómalo”.

Na educação, Arlindo Oliveira menciona que os sistemas de IA serão muito úteis, já que “podem ser usados para adaptar materiais de ensino de acordo com o desempenho e as necessidades individuais dos alunos, proporcionando uma experiência de aprendizagem mais personalizada”.

Todavia, existem algumas questões que são constantemente levantadas, devido a trabalhos que  contam cada vez mais com a presença da IA. Habilidades humanas no ambiente laboral como, por exemplo, a criatividade e a empatia são alvo de discussão. A investigadora do INESC TEC acredita que “quando se trata de uma profissão onde a criatividade está em jogo, julgo que não é ainda um problema porque, mesmo que a Inteligência Artificial consiga criar coisas, não tem uma avaliação nem uma capacidade crítica de analisar aquilo que criou”. 

Por este motivo, os sistemas de IA não são completamente autónomos. Rita salienta que “é importante que a última palavra seja do humano. Aliás, essa é uma das coisas mais corroboradas nestas questões todas. As ferramentas vão servir sempre de apoio e nós fazemos as decisões mais informadas”. 

Já do ponto de vista económico, Rita adianta que é necessário ter-se precaução, dado que estas ferramentas “podem ser aplicadas com intenções que não são propriamente apenas o bem comum ou o bem social, mas o lucro. E aí, sim, é preciso ter algum regulamento”. 


Desafios éticos

A União Europeia lançou, recentemente, uma proposta de regulação da utilização das ferramentas de IA, tendo sido aprovada uma primeira regulamentação, que depois vai passar por cada um dos países da União Europeia. Rita Ribeiro explica que a regulamentação obriga a que “todas as ferramentas de alto risco sejam transparentes e  reportadas à Comunidade Europeia”.

De forma a salvaguardar todas as questões éticas, “terão de ser explicadas todas as coisas que estão subentendidas na aplicação deste processo de Inteligência Artificial. Por exemplo, quando se trata de modelos generativos, é obrigatório dar conhecimento que a pessoa está a interagir não com uma pessoa, mas com um robô”.

Além disso, as empresas podem ser sujeitas a uma coima se não disponibilizarem, aos trabalhadores, “a que risco comporta a sua atividade e o seu algoritmo de Inteligência Artificial”. Além disso, é necessário “dar a transparência da forma como o algoritmo está a fazer as suas decisões”.

Contudo, Arlindo Oliveira admite que “embora tenha alguns riscos de aumentar a desinformação, enganar pessoas menos conhecedoras e poder ter consequências negativas para a segurança, se mal usado, a IA trará, essencialmente, vantagens”.

Para que se evitem eventuais perigos e riscos, Rita Oliveira acredita que, uma das soluções, “passa por sensibilizarmos o público em geral que somos constantemente alvo de ferramentas de Inteligência Artificial no nosso dia-a-dia e que não há como escapar".

"O nosso telemóvel tem inteligência artificial e, portanto, está a recolher todos os nossos dados. É com isso que temos que viver."

- Rita Ribeiro, investigadora





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