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  • Foto do escritorFilipa Ferreira

Iémen: O país que vive “a maior crise humanitária do mundo”

Atualizado: 17 de jan.


Imagem: Amnistia Internacional

A guerra iemenita começou há cerca de dez anos, mas agravou-se há oito, quando o movimento Houthi, xiita e apoiado pelo Irão, se revoltou contra o governo apoiado pela Arábia Saudita, em defesa dos direitos alegadamente violados da etnia iemenita xiita Zaidi.

Origens do conflito

O Iémen é o país mais pobre da Península Arábica e um dos mais pobres do mundo. Os primórdios do conflito têm origem no fracasso da transição política após a Primavera Árabe, que forçou o presidente autoritário de longa data, Ali Abdullah Saleh, a entregar o poder ao seu vice-presidente, Abdrabbuh Mansour Hadi, em 2011. Expectava-se que a transição política, apoiada pelas monarquias árabes do Golfo, de onde se destaca a Arábia Saudita, trouxesse estabilidade e crescimento ao Iémen. No entanto, este acontecimento só veio a agravar as disputas internas que já existiam entre o noroeste do país, xiita e de maioria houthi, e o sul, de maioria sunita.

Em 2014, deu-se uma reviravolta no país, quando Ali Abdullah Saleh se aliou aos seus inimigos houthis e avançaram sobre Saná, a capital, voltando o ex-ditador ao primeiro lugar no poder. Com isto, os houthis tomaram a capital.

Em 2015, o conflito agravou, após a intervenção de uma aliança liderada pela Arábia Saudita, Estados Unidos da América e Emirados Árabes Unidos, que levou a cabo diversos ataques aéreos contra os houthis, com o objetivo de restaurar o governo de Hadi.

Em 2017, houve uma nova reviravolta quando Saleh foi morto a tiro pelos próprios houthis, os seus ex-aliados, por uma alegada traição, após ter dialogado com a Arábia Saudita, inimigo número um.

Com isto, o país está a viver um conflito armado desde 2014, onde, de um lado, estão os rebeldes xiitas houtihs, com o apoio do Irão e, do outro lado, as forças sunitas leais ao Governo, apoiadas por uma aliança internacional liderada pela Arábia Saudita. Ambos os lados são acusados de práticas regulares de perseguição, morte e tortura de civis.

Slogan dos Houthis: “Deus é Grande, Morte à América, Morte a Israel, Maldição aos Judeus, Vitória ao Islão”

Iémen: “A maior crise humanitária do mundo”

O conflito armado provocou graves consequências no país. A fome aguda, as chuvas torrenciais, as inundações, a crise de combustível, a praga de gafanhotos, a cólera e a COVID-19 devastaram o país. Além disso, os serviços públicos foram destruídos e o Serviço Nacional de Saúde está em colapso. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o país “é atualmente palco para a maior crise humanitária do mundo”. Os mortos serão dezenas de milhares e os deslocados serão, pelo menos, quatro milhões.

O país enfrenta uma crise humanitária sem precedentes que envolve 80% da população. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), cerca de 20 milhões de pessoas precisam de apoio humanitário, mais de 16 milhões sofrem de insegurança alimentar e 5 milhões estão em risco de morrer à fome.

As Nações Unidas têm tentado colmatar a situação, através do Programa Alimentar Mundial e da UNICEF, disponibilizando ajuda indispensável às populações e aliviando ligeiramente a crise humanitária no país. A organização desempenha, também, um papel político como intermediária. Em 2018, conseguiu reunir as partes no conflito e assinar o "Acordo de Estocolmo", com determinadas exigências, entre elas, o cessar-fogo em torno da quarta maior cidade do Iémen, Hodeida.

“Os civis não estão a morrer à fome no Iémen, estão a ser mortos à fome”

– Jan Egeland, Secretário-Geral do Conselho de Refugiados Norueguês

Imagem: Diário de Notícias


“As doenças que têm cura transformam-se em sentenças de morte quando os cuidados de saúde estão suspensos.”

- António Guterres, Secretário-Geral da ONU, 2019




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