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Foto do escritorFilipa Ferreira

COP 28: “O princípio do fim” dos combustíveis fósseis

Atualizado: 15 de jan. de 2024

Imagem: Público

Na COP 28 foi estabelecido um acordo que menciona a redução dos combustíveis fósseis. Foi a primeira vez que a cimeira do clima das Nações Unidas aprovou um acordo com vista à resolução da principal causa da crise climática. Acontecimento denominado “histórico” pela presidência da COP 28. 

Este ano, a discussão da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas realizou-se entre 30 de novembro e 12 de dezembro. Nos Emirados Árabes Unidos, estiveram reunidos representantes de cerca de 200 países. 

Contudo, o acordo proposto pela presidência da COP 28 foi apenas aprovado a 13 de dezembro. O documento apresentado, liderado pelo ministro Sultan Al-Jaber, “reconhece a necessidade de reduções profundas, rápidas e sustentadas das emissões de gases com efeito de estufa" e apela ainda a que haja uma contribuição para uma “transição para o abandono dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de uma forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica, de modo a atingir emissões líquidas nulas até 2050, em conformidade com a ciência”.

António Guterres, Secretário Geral da ONU, deu também o seu parecer sobre o acordo estabelecido.

"Não quer dizer que todos os países devem sair das energias fósseis ao mesmo tempo. Os cronogramas e metas podem ser diferentes para países em diferentes níveis de desenvolvimento, mas todos devem estar alinhados com a meta de atingir a neutralidade carbónica até 2050 e preservar o objectivo de 1,5°C".

John Kerry, enviado dos EUA para o clima, assinalou que o acordo deve ser valorizado, tendo em conta os desafios provocados pelos conflitos Ucrânia-Rússia e Israel-Palestina.

Contudo, também foram surgindo algumas críticas. Chiara Martinelli, diretora da ONG Rede Europeia da Ação Climática, salientou que o acordo é insuficiente para “fornecer a escala justa, clareza e velocidade que precisamos”.

Francisco Ferreira, líder da associação ambientalista Zero, partilha a mesma opinião que Chiara Martinelli, referindo que “o acordo, numa primeira análise, é positivo, apesar de algum sabor agridoce pelo conjunto de soluções que aponta e que são demasiado genéricas e por vezes contraditórias para este objetivo forte de reduzir as emissões e atingir a neutralidade carbónica em 2050”.

O secretário executivo da Convenção das Nações Unidas, numa conferência de imprensa no Dubai, também reconheceu que o acordo não é o suficiente, mas frisa que “a COP28 tinha de sinalizar um ponto final ao problema climático central da humanidade – os combustíveis fósseis e a poluição que emitem, que queima o planeta. Embora não tenhamos virado completamente a página na era dos combustíveis fósseis no Dubai, estamos claramente no princípio do fim”

O documento aprovado acrescenta ainda outras medidas para auxiliar na redução das emissões de gases com efeito de estufa, assim como a necessidade de triplicar as energias renováveis, duplicar a eficiência energética até 2030 e a formalizar um fundo de perdas e danos. Também inclui referências importantes sobre o oceano, onde se reconhece a importância do restauro dos ecossistemas marinhos e das ações de mitigação e adaptação marinhas

Com o acordo formalizado, e depois do Egito e dos Emirados Árabes Unidos, a COP 29 vai decorrer em Baku, a capital do Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro de 2024. A decisão foi também alvo de críticas, já que o Azerbaijão é um grande produtor de petróleo. A extração, transformação e utilização de combustíveis fósseis como o petróleo, o gás natural e o carvão são uma das principais causas de emissão de gases com efeito de estufa e, por consequência, do aquecimento global.


Vídeo: COP 28 UAE

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